20 de janeiro de 2015

[Resenha] Dias Perfeitos - Raphael Montes

Téo é um solitário estudante de medicina que divide seu tempo entre cuidar da mãe paraplégica e examinar cadáveres nas aulas de anatomia. Durante uma festa, ele conhece Clarice, uma jovem de espírito livre que sonha tornar-se roteirista de cinema. Ela está escrevendo um road movie sobre três amigas que viajam em busca de novas experiências. Obcecado por Clarice, Téo quer dissecar a rebeldia daquela menina. Começa, então, uma aproximação doentia que o leva a tomar uma atitude extrema. Passando por cenários oníricos, que incluem um chalé em Teresópolis e uma praia deserta em Ilha Grande, o casal estabelece uma rotina insólita, repleta de tortura psicológica e sordidez. O efeito é perturbador. Téo fala com calma, planeja os atos com frieza e justifica suas atitudes com uma lógica impecável. A capacidade do autor de explorar uma psique doentia é impressionante – e o mergulho psicológico não impede que o livro siga um ritmo eletrizante, repleto de surpresas, digno dos melhores thrillers da atualidade. Dias perfeitos é uma história de amor, sequestro e obsessão. Capaz de manter os personagens em tensão permanente e pródigo em diálogos afiados, Raphael Montes reafirma sua vocação para o suspense e se consolida como um grande talento da nova literatura nacional.


Editora: Companhia das Letras
Gênero: Thriller
Ano: 2014
Páginas:280


Dias Perfeitos
Uma grande história, mas...

“Dias Perfeitos” é o segundo romance de Raphael Montes, aclamado pela crítica como um dos mais promissores escritores brasileiros da atualidade. No livro conhecemos Téo, um estudante de medicina frio e antissocial. Logo no primeiro capítulo o autor deixa claro algo que conduz toda a trama até seu desfecho: Téo é doido de pedra. Mas não caia no erro de pensar que o protagonista é um psicopata, pois não é. Téo é um psicótico, doido, maluco, doente mental, tan-tan, pirado.


Tudo começa quando Téo conhece Clarice, uma garota que é o oposto dele. Imediatamente ele se encanta, acreditando amá-la. Mas Clarice não está interessada em um envolvimento romântico com Téo, e aí começam os problemas.

O livro é primorosamente bem escrito, a narrativa é tensa e viciante, você quer chegar à próxima página logo e é difícil largar o livro. Contudo, a sinopse engana um pouco. Primeiro, Dias Perfeitos não é uma história de amor; não há amor em Téo, há apenas obsessão. Segundo, o protagonista não planeja seus atos nem justifica suas atitudes com lógica impecável. É nesse ponto que começam meus problemas com o livro.

Téo é impulsivo, age no calor do momento, ainda que de forma fria. Suas justificativas são racionais mas, ainda que seja muito inteligente, não são perfeitas. A história molda as circunstâncias para que tudo dê certo para Téo, fugindo da lógica. As artimanhas utilizadas pelo protagonista são muitas vezes falhas, e a infalibilidade delas é algo forçado para que a trama siga o caminho desejado pelo autor.

Clarice é a personagem mais carismática do livro, talvez a única, e as coisas nunca dão certas para ela, até mesmo quando seria impossível dar algo de errado, algo dá errado, mas não de forma natural. É como se o universo conspirasse a favor de Téo, cobrindo os furos de seu plano improvisado. Isso me incomodou, pois fez uma história excelente perder a verossimilhança e se tornar algo fantasioso. Até mesmo Clarice nega sua personalidade, agindo de uma forma excessivamente passional e irracional, o que é incoerente.

O último balde de água fria foi o desfecho. Ali eu esperava que o autor compensasse a barra forçada no decorrer da trama, mas, pelo contrário, tudo foi reforçado, deixando um gosto amargo na garganta, uma sensação de que aquilo foi incoerente demais.

Contudo, Dias Perfeitos vale a leitura, Raphael Montes tem talento com as palavras e sabe como criar um clima sufocante de tensão, mesmo que os detalhes apontados tenham me decepcionado. Dias perfeitos é um bom livro que tinha tudo para ser genial.


4 comentários:

  1. Eu não consegui gostar desse livro, ele tinha tudo para ser bom e estava com minhas expectativas muito altas, porque tinha acabado de ler outro livro do autor, o Suicidas. Mas quando eu fui lendo, tudo que esperava se despedaçou. Teve um momento que eu achei que ia dar uma reviravolta, mas entrou de novo na mesma coisa e o final só piorou tudo.

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  2. Carol quanto tempo não passo aqui! Eu não sei se teria coragem pra ler esse livro thrillers psicológicos me afetam e me torturam kkkkkk mas parece ser um livro mega interessante!

    beijocas, Mi

    O que tem na nossa estante

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  3. Oi, minha flor!
    Primeiro quero desejar um ano maravilhoso para você! Que a sua vida pessoal e profissional seja ainda melhor do que no ano anterior! :)
    Finalmente venho até aqui, ufa! Estava com saudades do seu cantinho, Caroline! E adorei encontrar justamente uma resenha sobre um dos livros que muito desejo ler. Ele foi uma recomendação de um colega meu e já o solicitei para a Cia. das Letras. Está aqui em mãos e será uma das minhas leituras do próximo mês. Só posso dizer que, com a sua opinião, estou ainda mais ansiosa! Parece que o autor consegue prender o leitor à trama, por mais que pareça forçada em alguns momentos. É ruim quando sentimos que o autor está forçando a barra, mas é legal ter o equilíbrio na sua narrativa bem elaborada.

    Beijos, flor!
    http://www.myqueenside.blogspot.com

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  4. Estava com uma expectativa muito alta pra este livro, agora ela abaixou um pouco hahahaha
    Mas ainda estou muito curiosa em relação a história, pretendo ler em breve! :)
    Ótima resenha!

    Venho avisar também que indiquei seu blog para o selo de "Blog Fofo", espero que goste! :D
    http://bookspoison.blogspot.com.br/2015/01/novo-selo-blog-fofo.html

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