Parecia
que não acabaria mais, que nossas vidas se resumiriam a aquilo por anos a fio,
pois foi difícil, foi dolorido, e extremamente cansativo. No entanto, até o mais perverso mau, um dia
deve chegar ao fim. Contudo, algumas pessoas parecem não perceber que o fim já
aportou. Mas isso é assunto para mais adiante.
Nos
últimos meses, passamos por uma campanha eleitoral exaustiva, ao menos para
mim. E antes que pensem coisas ruins a meu respeito, deixe-me esclarecer: eu
não fiz campanha política este ano. Isso mesmo! Eu não defendi nenhum
candidato, não procurei cooptar eleitores e nem discuti quem era o melhor (ou
menos sujo) com meus amigos. Mas o que
foi tão exaustivo?, você deve estar se perguntando. Pois bem, eu explico.
Foi extremamente exaustivo aguentar toda a euforia descontrolada dos eleitores
ao meu redor, e foi desanimador ver o quão vazia era a motivação de cada um
deles.
Desde o
início da campanha, presenciei o país dividido, onde cada grupo se agarrou a um
projeto político distinto. Isso já era ligeiramente incômodo, pois as postagens
excessivas, pouco fundamentadas e com sintomas de fanatismo eram o que
dominava. No segundo turno, porém, tudo foi elevado a níveis bem mais nocivos.
Ver
amigos mudarem suas fotos de perfil para montagens incluindo as cores dos
partidos e as inscrições “Dilma 13” e “Aécio 45” foi algo lamentável, que
reforçou minha crença de que o mundo precisa de um novo dilúvio, para ontem, de
preferência sem a presença de humanos na Arca. Mas como está difícil achar
água, acho que teremos que esperar mais um pouco, ou talvez torcer para que a
renovação venha em fogo, e queime a estupidez e a hipocrisia que já saturam a
atmosfera terrestre. [Acho que divaguei]
O importante
é que vi pessoas boas, pessoas inteligentes, pessoas agradáveis; vi um monte de
pessoas perdendo seu senso crítico e, em muitos casos, perdendo o senso do
ridículo. Pensemos sobre o assunto. Eu não apoiei nenhum dos candidatos
concorrentes no segundo turno, e manifestei minha opinião nas urnas. Ainda que
o voto seja secreto, não me traz constrangimento algum dizer que votei em
branco. Sim, em BRANCO! O que não significa que condeno quem votou na Dilma,
tampouco quem votou no Aécio. Cada indivíduo tem seus motivos e suas
convicções, e deve ser respeitado plenamente. O que me incomoda e continua me
incomodando, já que as pessoas ainda não perceberam que as eleições chegaram ao
fim, é a atitude impensada desses eleitores.
Num
primeiro momento, presenciei uma enxurrada de postagens de ambos os lados, na
maioria dos casos os militantes se limitaram a apontar os “pecados” do lado
oposto, como se o voto fosse contra algum candidato, e não a favor. Os
comentários trouxeram discussões homéricas, onde as partes simplesmente não
analisavam os argumentos contrários. Cada grupo agiu com uma fé cega, como se
seu candidato fosse um político imaculado, enquanto o outro, um lixo.
Agora,
que graças ao bom Deus as eleições terminaram, as pessoas continuam agindo como
idiotas. Um grupo está comemorando como se nosso povo tivesse sido libertado de
uma violenta ditadura, e o outro como se Jesus tivesse voltado e o tivessem
crucificado novamente.
Analisemos
os fatos. Aqueles que querem separar o Brasil do nordeste, alegando
ignorantemente que os nordestinos elegeram a Dilma, acham mesmo que Aécio Neves
é um novo messias? Acham que a corrupção exacerbada que assola o país há mais
de 500 malditos anos simplesmente vai sumir ao seu toque divino? Acham o que
PSDB é sinônimo de moralidade? Bem, eu não acho. Um novo governo, por um
partido diferente, possivelmente traria mudanças, talvez para melhor, talvez
para pior, mas a verdade é que a maioria das coisas não iria mudar. O pobre
continuaria pobre, independente do que os métodos viciados de apuração
apontassem. As ruas continuariam violentas, a saúde pública continuaria
precária, e a educação continuaria fictícia. Simplesmente porque o capital
manda, o presidente não.
Por
outro lado, aqueles que têm comemorado a reeleição da atual presidente,
cantando hinos de amor a ela — algo que eu acho igualmente idiota — acham mesmo
que o Brasil está avançando a passos de gigante? Acham que a população está
vivendo melhor? Que a saúde pública é de qualidade? Que a educação forma
cidadãos esclarecidos e conscientes? Eu acho que não, e a enorme quantidade de
manifestações preconceituosas que explodiu após os resultados da eleição são
uma prova que nosso país não forma cidadãos conscientes.
Nos
últimos dias, bloqueei uma meia dúzia de “amigos” no facebook, pois minha timeline
estava entupida de comentários nada inteligentes, irritantes, e estúpidos, o
que me faz lamentar a ignorância alheia; me faz triste ver o país que amo
habitado por idiotas completos e que as pessoas não entendam que quem faz um
país é seu povo, e não seu governo.
Mas
estou tranquilo, pois sei que, assim como as manifestações pré-copa, esse
movimento separatista é fogo de palha, e daqui alguns dias, as pessoas que hoje
se manifestam agressivas e preconceituosas já não se lembrarão da babaquice que
ostentaram publicamente. No próximo carnaval, todos aqueles “sulistas” que
agrediram o norte e nordeste do país estarão embarcando para as praias
nordestinas onde acompanharão trios elétricos lotados, se esfregando
indiscriminadamente no povo que hoje agridem ignorantemente.
Eu
sonho com um país onde as pessoas terão clareza sobre o que acontece ao seu
redor, que olhem para o seu próximo e entendam que isso é verdade, e não aquilo
que suas telas de LED lhe mostram dia e noite. No entanto, esse dia não é hoje,
e não será amanhã. Só espero estar vivo para ver nossos irmãos e irmãs usarem
da inteligência que lhes foi presenteada pelo criador. Enquanto isso, tentemos
viver com lucidez e não nos contaminar com toda essa ignorância e estupidez.
Por
ora, é isso que tenho a dizer. Aqueles que se sentiram ofendidos saibam que
atingi meu objetivo, é para que se sintam exatamente assim. Aqueles que
entenderam o que eu quero dizer sintam-se abraçados.
Beijos,
e tchau!
Para mim, seu texto é perfeito. Fiz o mesmo que você quanto à timeline do Facebook, porém, não com todos que eu desejava. Uma ou outra postagem eu ainda via sobre as acusações de um candidato ao outro.
ResponderExcluirCheguei até a compartilhar uma sobre o porquê de não votar na Dilma, porém, não com o intuito de promover o Aécio, mas sim apenas para expressar que antigamente a gente podia comprar muito mais no mercado com uma determinada quantia em dinheiro. O que aconteceu? Uma pessoa chegou nos comentários já querendo falar que eu estava totalmente errada quanto o que havia na imagem compartilhada. Isso me passou a impressão de que queria mostrar que eu não entendia nada do assunto. De fato, não entendo de economia mesmo (eu odiava essa matéria no 1º ano de Publicidade e Propaganda que fiz)... Eu entendo da prática, do que vejo... Falam tanto dos programas que ajudam o povo... Meu pai trabalhava em um único emprego e ajudava minha mãe no sustento da casa. Vivíamos bem. Hoje eu trabalho em dois empregos pra poder ter uma parte do que meus pais tinham.
Enfim... Falei tudo isso porque teve muita gente defendendo com unhas e dentes seus candidatos na net, às vezes perdendo amizades por isso, achando que números realmente mostram a verdade do país.
Bom, vou finalizar aqui... Tô começando a me perder nos pensamentos e isso aqui vai ficar uma bagunça XD
Mais uma vez, perfeito o texto. São palavras que eu gostaria de ter colocado no meu Face ao longo da campanha.
Também aconteceu comigo, postei alguma coisa sobre os deslizes da Dilma no debate, quando mandou a economista fazer o Pronatec, e logo apareceu um "Dilmista" falando mal do Aécio e do PSDB, como se eu os tivesse defendendo. Obrigado pelo seu comentário, esse sim está perfeito.
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