17 de fevereiro de 2016

[Resenha] Vale Sem Retorno - Mariana de Lacerda

A ida de Viviane à corte de Camelot como dama de companhia de Lady Morgana, irmã do Rei Arthur, atende a múltiplos interesses: Sir Dionas quer arrumar um bom casamento para a única filha; Lady Morgana quer uma aliada em seu plano de vingança contra Merlin, responsável pela morte de seu pai anos antes; e Viviane quer aprender magia.

Ao apaixonar-se por Merlin, no entanto, Viviane frustra as expectativas de todos: certamente o filho do demônio não é o genro almejado por seu pai; tampouco Viviane concordará em guiar o mago à armadilha engendrada por sua senhora.

Merlin, por sua vez, apesar de corresponder ao amor de Viviane, vive seus próprios dilemas: ele sabe, graças a seus dons premonitórios, que envolver-se com sua aluna de magia é rumar para o próprio fim. E, embora Viviane insista que é possível escapar do caminho traçado pelas previsões, ele não tem tanta certeza.
***
A história pessoal de Merlin pouco se sobressai ao seu papel como conselheiro do Rei Arthur. Nas várias versões que nos chegaram da Idade Média, o romance com Viviane, sua aluna de magia, não toma mais que poucas páginas, nas quais ora ela é muito má, e, após aprender com Merlin tudo o que ele sabia, trancafia-o para não ter que fazer sexo com ele em troca, ora ela o ama tanto que o trancafia para tê-lo só para si. Neste livro, eles ganham uma história de amor mais detalhada e, sobretudo, menos mesquinha, mas sempre fiel aos elementos das versões medievais originais.


Editora: Independente
Gênero: Romance, Romance Histórico, Fantasia
Páginas: 136

“Vale Sem Retorno” poderia ser apenas mais uma obra envolvendo a lenda do Rei Artur, história já exaustivamente contada de todas as formas e qualidades imagináveis. Contudo, Mariana de Lacerda conseguiu trazer algo novo, tornando seu primeiro romance publicado uma obra única.


O livro traz a história de Artur e de como se tornou rei, mas isso está longe de ser o cerne do livro.  Trabalhando sobre um pano de fundo já conhecido, Mariana faz uma abordagem diferente, com foco em uma história de amor entre Merlin e Viviane. Apesar de nunca ter lido outra obra nesse universo, a figura de Artur nunca me atraiu, então, foi ótimo me introduzir em Camelot tendo-o apenas como um coadjuvante.

A autora retrata a lenda de Artur com muita habilidade e, mesmo que ele não seja o protagonista, a história nos conta o que precisamos saber sobre ele.  Os protagonistas, de fato, são os personagens mais interessantes. Viviane acaba se aproximando de Merlin por seu interesse por Magia, e, nessa interação, vamos descobrindo quem são esses dois personagens. Ao contrário do que povoava meu imaginário, Merlin, aqui, é um homem jovem, com um passado nebuloso e um presente predominantemente antissocial.  Em principio, o mago se incomoda em ter que ensinar magia para Viviane, e só concorda em fazê-lo para evitar um conflito com Morgana, irmã de seu rei. Morgana deseja vingar-se de Merlin, o qual culpa pela morte de seu pai, e usa Viviane para aproximar-se do mago.

No avançar da trama, misturam-se o novo amor que surge entre Merlin e Viviane e a vingança planejada por Morgana, onde Viviane é a peça principal. Mariana trabalhou habilmente os sentimentos dos personagens, o amor nasce de forma verosímil, coisa cada vez mais difícil acontecer atualmente em livros de autores iniciantes. Os personagens não precisam declarar-se apaixonados, pois nós vemos a paixão acontecer, surgir como uma faísca e, aos poucos, se inflamar e grandes chamas. Por isso, ele é credível.

A autora fez com que eu fosse tocado pelo amor de Merlin e Viviane, fez-me torcer pelos dois e fez com que eu lamentasse pelos infortúnios de sua jornada. A primeira noite de amor entre os dois foi sublime, absolutamente linda, a melhor cena de sexo que eu já li, mostrando o necessário, com erotismo, mas sem vulgaridades e absurdos inverossímeis, uma lição que as novas autoras de romances hot poderiam aprender.

As revelações próximas ao desfecho causam grande tensão no leitor, deixam a leitura instigante e, em alguns momentos, angustiante. O final é ótimo e cheio de sentimento. Se é um final feliz ou não, deixo para que descubram sozinhos, mas tenho certeza que, para o bem o para o mal, tocará o seu coração.

Leiam agora! É um livro curto cuja leitura voa. A escrita de Mariana é primorosa e delicada, com uma precisão de franco-atirador.


Para saber mais sobre o trabalho da autora, acompanhe-a nas redes sociais:



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