Era uma vez...
Uma fria noite de outono, em um país do
Hemisfério Norte do terceiro planeta do Sistema Solar da Via Láctea, chamado
Terra...
Quando Mathew Roberts parte para visitar
seu irmão em coma, ele é obrigado por seu estranho e repentino cansaço a
hospedar-se em um hotel na beira da estrada. Ao ser recebido por uma jovem
mulher com uma vela na mão, ele sente um frio descer-lhe pela espinha, mas não
tem forças para voltar; como se ela fosse o imã e ele o metal. Ao pisar na
recepção, ele começa a perder a memória.
O TEMPO PASSA. INITERRUPTAMENTE. E ELE
QUEM NARRA ESTA HISTÓRIA
Este é um Conto de Fadas... da Morte,
sobre:
Criaturas não-humanas
Um deus na puberdade
Um amor impossível
Escolhas
e Sonhos Mortos.
Editora: Chiado
Gênero: Suspense e Mistério/Romance
Páginas: 352
“A História Esquecida da Hospedaria na Estrada" não
é um romance comum. Também não é um conto de horror comum. Pois é os dois, um
romance e um conto de horror. E é nenhum, porque é algo diferente dos dois. A
trama é narrada por Chronos, um deus, o próprio tempo. Isso já é um grande
diferencial, e uma escolha sagaz da autora. Assim, temos um narrador
onisciente, pois o tempo passa em todo lugar (ou será que não?). Ao mesmo
tempo, a narração não tem a frieza da escrita em terceira pessoa. Chronos é um
narrador carismático, que tenta ser neutro, mas passou tempo demais em uma carcaça
humana para conseguir simplesmente desligar suas emoções.
Seguindo uma narrativa linear entrecortada por
flashbacks, acompanhamos Mathew Roberts e Linumê, dois seres inicialmente sem
nenhuma relação um com o outro, mas cujos destinos estão irremediavelmente
ligados. Linumê é uma fada da morte, administra a Hospedaria onde se alimenta
de sonhos mortos, ceifando a vida dos que já desistiram de viver e passaram
apenas a sobreviver. A história de como surgiu a hospedaria é contada de forma
magnífica, numa mistura de lirismo e horror.
C.A. Saltoris descreve tudo com minúcias, mas sem
ser enfadonho. A autora quer transportar
o leitor para dentro das páginas, fazendo-o sentir os cheiros, as texturas,
passear por cada cômodo obscuro da hospedaria. Além disso, trás, em momentos
diluídos no livro, a história de cada um dos hóspedes; todas contadas com
primor, sem pressa e sem excessos.
Após o primeiro de Mathew e Linumê, o romance se
desenrola de uma forma sublime. É possível observar claramente o sentimento de
ambos tomando forma e os dominando, aos poucos, por completo. É um amor
impossível, mas não daqueles que vemos em novelas da globo, não aquela coisa
enfadonha, irritante de ata e desata.
Apesar de ser um romance, “A História Esquecida da
Hospedaria na Estrada” também é um conto de horror, e isso torna tudo mais interessante.
Aos nossos olhos, aos olhos da moral humana, Linumê é má, uma assassina
impiedosa, mas a narrativa hábil da autora faz isso se dissolver na mente do
leitor, quebra nossos preceitos de bom e mau, até que você também se apaixone
pela assassina e torça para que ela possa ser feliz ao lado daquele por quem se
apaixonou.
Os últimos capítulos avançam numa ascendente
dramática, garantem bons momentos de angústia e ansiedade. Não dá pra saber o
que realmente vai acontecer, e os personagens são tomados de sentimentos cada
vez mais humanos. O desfecho é surpreendente e delicioso, com o toque sombrio
que permeia toda a obra.
Uma ótima pedida para quem gosta de horror, mas
está cansado de mais do mesmo.
E uma ótima pedida para quem gosta de romances, mas
também está cansado de mais do mesmo.
Observação: Chronos é um personagem fantástico, e a
personificação mais épica da “friendzone”.
Acho que nunca encontrei um li sequer parecido com este! Curti a ideia da Fada da Morte, hahahahaha!
ResponderExcluirMe deixou bem curiosa... Vou procurar! A capa também é super bonita!
Beijo!
Parece ser muito legal!! Diferente, hein!!
ResponderExcluirVisita meu novo blog!!!