22 de janeiro de 2016

[Resenha] A História Esquecida da Hospedaria na Estrada - C.A. Saltoris

Era uma vez...

Uma fria noite de outono, em um país do Hemisfério Norte do terceiro planeta do Sistema Solar da Via Láctea, chamado Terra...

Quando Mathew Roberts parte para visitar seu irmão em coma, ele é obrigado por seu estranho e repentino cansaço a hospedar-se em um hotel na beira da estrada. Ao ser recebido por uma jovem mulher com uma vela na mão, ele sente um frio descer-lhe pela espinha, mas não tem forças para voltar; como se ela fosse o imã e ele o metal. Ao pisar na recepção, ele começa a perder a memória.

O TEMPO PASSA. INITERRUPTAMENTE. E ELE QUEM NARRA ESTA HISTÓRIA

Este é um Conto de Fadas... da Morte, sobre:

Criaturas não-humanas

Um deus na puberdade

Um amor impossível

Escolhas

e Sonhos Mortos.



Editora: Chiado
Gênero: Suspense e Mistério/Romance
Páginas: 352

“A História Esquecida da Hospedaria na Estrada" não é um romance comum. Também não é um conto de horror comum. Pois é os dois, um romance e um conto de horror. E é nenhum, porque é algo diferente dos dois. A trama é narrada por Chronos, um deus, o próprio tempo. Isso já é um grande diferencial, e uma escolha sagaz da autora. Assim, temos um narrador onisciente, pois o tempo passa em todo lugar (ou será que não?). Ao mesmo tempo, a narração não tem a frieza da escrita em terceira pessoa. Chronos é um narrador carismático, que tenta ser neutro, mas passou tempo demais em uma carcaça humana para conseguir simplesmente desligar suas emoções.


Seguindo uma narrativa linear entrecortada por flashbacks, acompanhamos Mathew Roberts e Linumê, dois seres inicialmente sem nenhuma relação um com o outro, mas cujos destinos estão irremediavelmente ligados. Linumê é uma fada da morte, administra a Hospedaria onde se alimenta de sonhos mortos, ceifando a vida dos que já desistiram de viver e passaram apenas a sobreviver. A história de como surgiu a hospedaria é contada de forma magnífica, numa mistura de lirismo e horror.

C.A. Saltoris descreve tudo com minúcias, mas sem ser enfadonho. A autora quer  transportar o leitor para dentro das páginas, fazendo-o sentir os cheiros, as texturas, passear por cada cômodo obscuro da hospedaria. Além disso, trás, em momentos diluídos no livro, a história de cada um dos hóspedes; todas contadas com primor, sem pressa e sem excessos.

Após o primeiro de Mathew e Linumê, o romance se desenrola de uma forma sublime. É possível observar claramente o sentimento de ambos tomando forma e os dominando, aos poucos, por completo. É um amor impossível, mas não daqueles que vemos em novelas da globo, não aquela coisa enfadonha, irritante de ata e desata.

Apesar de ser um romance, “A História Esquecida da Hospedaria na Estrada” também é um conto de horror, e isso torna tudo mais interessante. Aos nossos olhos, aos olhos da moral humana, Linumê é má, uma assassina impiedosa, mas a narrativa hábil da autora faz isso se dissolver na mente do leitor, quebra nossos preceitos de bom e mau, até que você também se apaixone pela assassina e torça para que ela possa ser feliz ao lado daquele por quem se apaixonou.

Os últimos capítulos avançam numa ascendente dramática, garantem bons momentos de angústia e ansiedade. Não dá pra saber o que realmente vai acontecer, e os personagens são tomados de sentimentos cada vez mais humanos. O desfecho é surpreendente e delicioso, com o toque sombrio que permeia toda a obra.

Uma ótima pedida para quem gosta de horror, mas está cansado de mais do mesmo.
E uma ótima pedida para quem gosta de romances, mas também está cansado de mais do mesmo.


Observação: Chronos é um personagem fantástico, e a personificação mais épica da “friendzone”.

2 comentários:

  1. Acho que nunca encontrei um li sequer parecido com este! Curti a ideia da Fada da Morte, hahahahaha!

    Me deixou bem curiosa... Vou procurar! A capa também é super bonita!

    Beijo!

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  2. Parece ser muito legal!! Diferente, hein!!

    Visita meu novo blog!!!

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